O que está acontecendo com o Meta?
Em um movimento polêmico, Mark Zuckerberg anunciou no início de janeiro que a empresa Meta deixará de usar checadores profissionais para verificar informações nas redes sociais. Em vez disso, a empresa adotará um sistema de “notas da comunidade”, onde os próprios usuários podem adicionar contexto às publicações. Segundo Zuckerberg, a decisão visa “voltar às nossas raízes em torno da liberdade de expressão” e combater o que ele chamou de viés político nas verificações anteriores.
Enquanto defensores da liberdade irrestrita celebraram a mudança, especialistas em segurança digital e organizações de jornalismo demonstraram preocupação. Chris Morris, da organização de checagem Full Fact, classificou a decisão como “um retrocesso” que pode incentivar a desinformação.
E no Brasil, como isso impacta?
No Brasil, onde as redes sociais desempenham um papel importante em campanhas políticas e mobilizações sociais, a mudança gerou um alerta. O presidente Lula chamou a decisão de “extremamente grave” e convocou uma reunião com seus ministros para discutir possíveis respostas. Para o presidente, “não é possível que alguém possa ser punido por um crime na vida real e não ser responsabilizado pelo mesmo ato no digital”.
Além disso, organizações como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se posicionaram contra a decisão, destacando que ferramentas baseadas em usuários não são capazes de substituir a checagem profissional. O Ministério Público Federal também anunciou que vai cobrar explicações formais da Meta sobre como essa nova política será aplicada no Brasil.
O que isso significa para você?
Se você é usuário de redes sociais, especialmente do Facebook e Instagram, a mudança significa que será mais difícil verificar a veracidade das informações compartilhadas. Notícias falsas, teorias da conspiração e discursos de ódio podem se tornar mais frequentes nas plataformas, especialmente em períodos críticos como eleições.
Criadores de conteúdo e pequenas empresas que dependem dessas plataformas para interagir com seu público também precisam redobrar a atenção. Sistemas como “notas da comunidade” podem ser manipulados por grupos organizados, o que pode afetar negativamente a reputação de marcas e influenciadores.
E o que a China tem a ver com isso?
Além de todo o cenário gerado pela fim dos fact-checks, a Suprema Corte americana está inclinada a ir adiante com a lei que determina que o TikTok seja vendido para uma empresa americana ou encerre sua operação nos Estados Unidos.
A lei em questão, aprovada em 2024, define o banimento de redes sociais controlada por adversários políticos. Chamada de Lei de Proteção dos Americanos contra aplicativos controlados por adversários estrangeiros, ela impede que lojas de apps (como Play Store, do Google, e App Store, da Apple) “distribuam, mantenham ou atualizem” apps controlados por adversários políticos como China, Rússia, Coreia do Norte ou Irã.
Para isso o governo americano apresentou duas justificativas para a existência da lei: combater a desinformação promovida pela China – que parece bastante contraditório – e impedir que o país asiático colha informações particulares de americanos.
O que podemos esperar do futuro?
Essa decisão do Meta é apenas o começo de uma série de debates sobre liberdade de expressão e responsabilidade digital. No Brasil, a discussão sobre regulamentação das redes sociais ganha força, especialmente diante das preocupações com a desinformação. Globalmente, a tensão entre liberdade de expressão e controle de conteúdo continuará a ser um dos maiores desafios para governos, empresas e usuários.
A pergunta que fica é: como equilibrar o direito de expressão com a responsabilidade de combater discursos prejudiciais? Por enquanto, só podemos acompanhar as mudanças e nos preparar para um cenário digital cada vez mais complexo.